Recentemente, dois trágicos incidentes de violência abalaram nossa região de Taguatinga, destacando a necessidade urgente de ações comunitárias e políticas públicas eficazes.
No primeiro caso, um homem em situação de rua perdeu a vida após ser esfaqueado em frente ao Centro Pop provavelmente por outro homem também sem teto. No segundo caso, um sem teto foi preso após esfaquear fatalmente um outro homem em situação de rua que estava em uma lanchonete. Esses eventos trágicos não são isolados, mas refletem uma realidade mais ampla de insegurança e vulnerabilidade social.
A crescente violência em Taguatinga está intimamente ligada ao aumento do número de pessoas em situação de rua no Brasil, que cresceu dez vezes nos últimos anos. O Ipea aponta que o crescimento da população em situação de rua é resultado da exclusão econômica, do desemprego, do déficit habitacional, da ruptura de vínculos familiares e por questões de saúde, em especial psicológica. Todas essas condições juntas entre a população sem teto cria um ambiente propício para a violência e a criminalidade.
Mas nem tudo está perdido. No mundo temos iniciativas que apontam um caminho para a melhoria desse problema. Temos o caso da Finlândia que resolveu a questão dos sem-teto oferecendo a essa população habitações permanentes, sem impor condições. Em Lisboa programa semelhante chamado de “É UMA CASA, Lisboa Housing First”. O programa tem por base a ideia de que, a partir de um lar, essas pessoas iniciam o resgate da dignidade, da confiança e da autonomia.
Acreditar que a simples remoção do Centro POP de Taguatinga resolverá o problema dos sem-teto é uma visão ingênua que apenas tenta esconder o problema. Outras regiões administrativas e inúmeras cidades no Brasil também enfrentam desafios semelhantes com pessoas em situação de rua. Somente mudanças estruturais sérias, implementadas pelo GDF, pelo governo federal e com o apoio da população, serão capazes de resolver verdadeiramente essa questão. Cabe a nós nos organizarmos e nos mobilizarmos para exigir essas mudanças.
Opinião de @lzdealmeida