Um episódio recente no Distrito Federal acendeu o alerta sobre uma questão preocupante: a priorização de bens materiais em detrimento da vida humana. No último domingo (24), na Feira da praça do Bicalho, um vigilante foi preso por espancar brutalmente um homem acusado de furto. Apesar de o furto ser crime, a reação violenta levanta reflexões sobre os valores que guiam nossa sociedade.
A proteção ao patrimônio tornou-se prioridade em um contexto de desigualdade social, medo e desconfiança. Mas até onde vamos para defender objetos? Casos como esse demonstram que, muitas vezes, a resposta tem sido a violência, mesmo ao custo da dignidade e da vida de outros.
Em Taguatinga, essa realidade também se manifesta. Feiras e espaços públicos refletem as tensões sociais, expondo a vulnerabilidade de pessoas marginalizadas que, ao invés de receberem apoio, são vistas como ameaças. Essa postura está enraizada em uma cultura de consumo que transforma bens materiais em extensões da identidade, tornando sua proteção obsessiva.
A atitude do vigilante é mais um sintoma de uma sociedade que prefere punir a compreender. Combater o crime exige soluções que vão além da repressão, atacando as raízes da criminalidade, como pobreza e exclusão social.
Taguatinga tem potencial para ser um exemplo de mudança. Iniciativas culturais e sociais na região já promovem dignidade e oportunidades, mas é necessário que toda a comunidade participe desse movimento.
Esse episódio deve nos levar a refletir: que sociedade queremos construir? Mais do que proteger bens, precisamos priorizar valores como empatia, justiça, dignidade e respeito à vida. Afinal, nada é mais valioso do que isso.