Manifestação contra o Centro POP: Como colocar o problema debaixo do tapete

No próximo dia 17 de agosto, moradores de Taguatinga se reunirão em frente ao estacionamento do Senai para protestar contra o Centro POP, uma instituição que oferece apoio a pessoas em situação de rua. A manifestação, que a princípio parece ser uma busca por mais segurança, revela um lado preocupante de aporofobia e higienismo.

Desde a instalação do Centro POP em 2013, os moradores da QNF/CNF têm relatado um aumento na criminalidade e na desordem pública. Entre as queixas estão roubos, furtos e atos de vandalismo. No entanto, é importante questionar se a solução para esses problemas é realmente afastar o Centro POP da comunidade.

A aporofobia, ou aversão aos pobres, é um fenômeno que se manifesta quando a sociedade prefere afastar os menos favorecidos em vez de buscar soluções inclusivas. A ideia de que a presença do Centro POP é a causa dos problemas de segurança ignora a complexidade da questão e estigmatiza ainda mais uma população já vulnerável.

Além disso, o higienismo, que busca “limpar” a cidade de elementos considerados indesejáveis, não resolve os problemas de fundo. A remoção do Centro POP não fará com que as pessoas em situação de rua desapareçam; apenas as empurrará para outras áreas, perpetuando o ciclo de exclusão e marginalização.

Em vez de protestar contra o Centro POP, a comunidade de Taguatinga e de todo o DF deveriam exigir soluções mais eficazes do poder público para lidar com pessoas em situação de rua. Oferecer mais moradias para todas as pessoas (afinal, o custo dos aluguéis e dos imóveis no DF só agrava o problema), aumentar o número de Centros POP em todo o DF (atualmente hoje só existem 2!), investir em programas de reintegração social, saúde mental (grande número de pessoas em situação de rua estão em função do uso abusivo de drogas e outras doenças mentais) e promover campanhas de conscientização são algumas das ações que podem ser adotadas.

A manifestação contra o Centro POP é um reflexo de uma sociedade que ainda precisa aprender a lidar com pessoas em estado de vulnerabilidade. Em vez de afastar, é hora de acolher e buscar soluções que beneficiem a todos. Certamente não existe ninguém que goste ou queira morar na rua.

Vamos refletir sobre o tipo de comunidade que queremos ser. Uma que exclui e marginaliza ou uma que acolhe e busca soluções para todos?

Autor: @lzdealmeida